Cartoons & Music


(Transcrição do vídeo, corrigindo as bobagens e complementando um pouco os dados)

Em um destes tuítes perdidos da semana passada a Mafalda do Monalisa de Pijamas tocou no assunto trilhas músicas de desenhos animados. 

No meio dos tuítes trocados dei meu pitaco deixando claro que não sou expert no assunto, apenas velho suficiente para ter visto, as sessões de domingo no Cine Metro na Av. São João, lá nos meados dos anos 60, os clássicos da animação, divertidos, coloridos, no telão, com um sonzão, tudo  grandão. 

Na realidade cresci assistindo Bugs Bunny, Tom e Jerry, Popeye, Mr. Magoo, Jetsons, Flintstones, Jambo e Ruivão, Pepe Legal, Tartaruga Touche, Wally Gator, Johnny Quest…  e  animados, porque eles muitos outros, porque eram regularmente apresentados - em versão original, legendados!!!! só que em preto e branco - nas estações de tv aqui de São Paulo (Tupi, Excelsior e Record). Os desenhos da Disney também faziam parte do cardápio cinematográfico e televisivo com a série semanal Disneylandia.

Muitos destes desenhos me ajudaram a desenvolver minha compreensão e gosto pela música clássica. (Desculpe, pai. Você foi uma grande influência musical com todos seus 78 rotações de Schubert, Lizst, Mozart, Rakmaninoff… e tantos outros, mas não tanto como o Pernalonga!). 

A grande maioria dos desenhos animados entre 1930-1950 fizeram excelente uso da música popular norte-americana e composições originais seguindo os ritmos do momento (blues, rags, swings, beebops, jazz enfim!) e também usou e abusou da música clássica, criando algumas das melhores obras animadas de todos os tempos.

Aberturas de Rossini eram populares com os animadores, como foram rapsódias de Liszt e danças húngaras de Brahms

A Sonata ao Luar de Beethoven tornou-se sinônimo de calma, as cenas de luar, enquanto as notas de abertura de sua Quinta Sinfonia foram usados ​​para as cenas de tempestade. 

A seguir destaco algumas animações que por um motivo ou outro foram importantes para a minha educação musical. As divido em 2 grupos: popular e clássico para facilitar a sua audição e a ordem delas segue a minha preferência (no áudio eu digo 5 de cada mas na hora de montar o post nãõ consegui eliminar um deles, no total temos 11 vídeos).

Convido a você para adicionar alguns links à lista aqui abaixo. 

That´s All Folks!


JAZZ Music

1. PowerHouse (composição Raymond Scott, 1936)
Em 1941 a Warner Bros. comprou os direitos do brilhante compositor e músico do início do jazz, e desde então não para de usá-la em animações (cerca de 35), como Os Simpson´s, Animaniacs e ainda é usada como um tema do Cartoon Network . 

Aqui uma colagem com inúmeras animações com a canção:



e uma versão orquestral da peça completa:



2. The Three Little Bops (composição Shorty Rodgers, 1957) 
Como o título indica esta animação utiliza a virtuosismo típico e veloz do Bebop dos anos 50 composto por um dos consagrados trumpetistas do jazz (além de compositor e arranjador) norte-americano, para recontar a estória dos 3 porquinhos.



(tive q substituir o embebed por um link - desculpe)


3. All the Cats Join In (Benny Goodman 1946) 
Este fragmento da coletânea  Make Mine Music, é o típico exemplar do Swing Jazz, o jazz dançável dos jovens dos anos 1940, que pela animação dos estúdios  Disney não era muito diferente da atual. 



4. One Froggy Evening (diversas canções, 1955) - Chuck Jones usa várias canções (Hello Ma Baby, The Michigan Rag…) do estilo Tin Pan Alley - referência às pianolas desafinadas que tocavam em áreas de pequenos bares das grandes cidades norte-americanas - para brincar um pouco com a ganância humana.




O embed do youtube está bloqueado... se quiser ver a animação clique aqui (desculpe).


5. Blue Rhythm (1931) 
Disney na origem faz Mickey e seus companheiros interpretarem blues do estilo de St Louis - bem no início do jazz e da animação (e criando uma temática que seria seguida pelas décadas seguintes).




6. Minnie the Moocher (Cab Calloway, 1932) 
A sexy (e judia, como nos esclarece esta animação) Betty Boop numa história singela mas com uma intervenção bem esquisita do grande Cab Calloway (na abertura da animação este mostra que Michael Jackson não inovou nada).




CLASSICAL Music

1. What’s Opera, Doc?
O Anel de Nibelungo de Wagner (1957) - Pernalonga (Bugs Bunny) e Hortelino Trocaletra (Elmer) na obra prima de Chuck Jones que consegue resumir as 4 peças da obra de Wagner em 6 minutos e pouco. Você nunca mais vai ouvir a Cavalgada das Valquírias sem ouvir o Hortelino cantando “Kill the wabbit, kill the wabbit, kill the wabbit!”

Nota: este vídeo mostra como aliar diversão e fazer as crianças a se interessarem por música.


2. The Sorcerer’s Apprentice
O Aprendiz de Feiticeiro de Dukas (1940) - Fantasia é uma das melhores animações e mais ricas em músicas clássicas dos estúdios Disney, e este é provavelmente o trecho mais conhecido da obra. O empregado Mickey vendo seu mestre Feiticeiro conjurar magias tenta utilizá-las para a realização de suas tarefas domésticas. 




3. The Rabbit of Seville
Abertura do Barbeiro de Sevilha de Rossini (1950) - Esta aqui é a abertura e não o, também, clássico trecho em que Pernalonga canta a ária do Fígaro. Hortelino persegue Pernalonga até o teatro e a ópera e as confusões iniciam. Uma delícia de animação.




4. The Cat Concerto
Rapsódia Húngara n” 2 de Liszt (1946)
Esta animação de Tom e Jerry ganhou o Oscar de Curta Animado de 1946 e juntamente com Rhapsody Rabbit com Pernalonga, lançado no mesmo ano, fazem parte da eterna história de acusações mútuas de plágio entre a MGM e Warner Bros.  





5. A Corny Concerto
Concerto para Piano n” 1 de Tchaikovsky (1943), Contos dos Bosques de Viena e Danúbio Azul de Strauss, (1943) -  A Warner Bros. sempre cutucou a Disney e esse é mais um exemplar desta picuinha. Nesta animação o Hortelino (Elmer) - com barba por fazer - satiriza Stokowski, que apresenta Fantasia na animação dos estúdios Disney.




Comentários

Sávio Christi disse…
Vocês sabem que os desenhos "Rhapsody Rabbit" e "The Cat Concerto" receberam acusações de serem plágio um do outro, a empresa Technicolor foi acusada de enviar impressões do trabalho de um estúdio para o outro por engano ou malícia...

Os dois têm a mesma trama, as mesmas piadas, a mesma música e são do mesmo ano, não é muita coincidência?

Joseph Barbera ficou surpreso de ver que o desenho feito por Friz Freleng era o mesmo feito por William Hanna e ele, até achou estranho o fato de o Pernalonga duelar com um rato.

Até hoje, nunca foi explicado quem roubou a idéia de quem, ou se foi apenas uma coincidência.

Pessoalmente, acho que a versão do Pernalonga é a melhor, até pelo começo e o final, mesmo que o Tom tenha feito um maior esforço ao final e que o Pernalonga geralmente leve a melhor ao final de seus desenhos.

Foi a versão do Pernalonga a que saiu primeiro, mas foi a versão de Tom e Jerry que levou o Óscar de melhor curta animado.

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