I Dig it 047

Hoje é dia de Podcast Impressões Digitais em sua versão full, edição nº 47.

Há um pouco mais de 3 anos eu dava meu primeiros passos no mundo do podcasting. À época eu tinha a intenção de manter um podcast de periodicidade no máximo quinzenal, o que se mostrou um tanto difícil. E sendo bem sincero, não tinha expectativas de que o Impressões Digitais durasse tanto tempo assim... Mas aqui estou eu, errático e inconstante, mas estou aqui.
A você que me acompanha e a você que me ouve pela primeira vez, meu mais profundo respeito e gratidão. Pois você e só você possibilita que eu divulgue meus pontos de vista.

Intro - Neste impressões - embuído do espírito de congraçamento universal e um comportamento mais airoso e suarento dominantes nesta época do ano - eu, alegremente e sem muito ineditismo, vou na jugular daquilo que minha irascibilidade atávica considera uma total falha do processo seletivo da natureza: a capacidade humana de praticar os mais estúpidos raciocínios, em uma tortuosidade mental que merece a legenda de animalesco... Aos crentes... viva o poder do mito! E para estabelecer de vez a mediocridade humana... viva o crediário e o cinemão blockbuster!

O Manual Do Torneiro Mecânico - Saltos midiáticos e a experiência compartilhada
Toda vez que se verifica uma alteração significativa dos processos de comunicação entre os seres humanos, há por detrás desta alteração uma ferramenta, que induz a humanidade a um salto tecnológico que a catapulta a uma situação completamente à parte da anterior. E sempre - em decorrência desta alavancagem, ou seja, das novas inter-relações humanas decorrentes - se estabelece uma completa re-estruturação sócio-econômica, um novo modus vivendi.
Estas fraturas tecnológicas, e consequentes reacomodações da história humana foram identificadas e analisadas por vários estudiosos ao longo do século passado, permitindo a verificação e a afirmação de que hoje passamos por mais uma destas fraturas tecnológicas, ou melhor, por uma nova estruturação das relações de comunicação e de interação, de inter-relações sociais e trocas econômicas, as quais moldam e são moldadas por um inédito meio: a internet.
Nesta neo-seara, hoje nomeada de mídia social, verifica-se claramente os primórdios de uma aculturação e acomodação sem precedentes, ambas totalmente independentes e descoladas das relações sócio-econômicas e culturais estabelecidas nos últimos 40, 50 anos.
Hoje, creio, estamos passando pelo pequeno hiato (em termos históricos) entre o abandono de uma solução anterior calcada na comunicação de massa para um desconhecido modelo calcado no inter-relacionamento pessoal de ação escalar proporcional ao alcance das extensões sensoriais permitidas pela tecnologia digital.
Essa que chamo de estrutura anterior é aquela onde a ação provocativa é unidirecional, o questionamento, a mensagem integral é de sentido único, moldando na outra ponta um comportamento massivo, e onde as respostas e reações a esta ação primária são apenas pequenos movimentos isolados e, portanto, extremamente enfraquecidos e ineficazes como catalizadores da realimentação do processo de comunicação.
A nova estrutura encontra seu eco primário na aglutinação espontânea, consciente, de elementos sociais (indivíduos e grupos) em ações multidirecionais organizadas, através de canais de causa-e-efeito imediatos, sendo estes elementos - ao mesmo tempo - os provocadores e os catalizadores das relações internas.
Em uma frase, exemplifico afirmando que: o papel do comunicador de massa foi engolido pela massa de produtores de conteúdo, conteúdo este disponibilizado a todos os atores instantaneamente.

Os Pensamentos Do Seu Milton - As Várias Formas de opressão
Primeiro o troglodita ordenou à mulher que não saísse da gruta porque cá fora era muito perigoso, e dividiu o mundo em duas metades: metade dominadores e metade dominados. Depois, quando lhe nasceram os filhos, ele ordenou à mulher que cuidasse deles e a eles que obedecessem ao sistema de vida que sua geração tinha criado. E o mundo ficou dividido em um terço de dominadores (homens) e dois terços de dominados (mulheres e crianças).
Aí o troglodita encontrou homens como ele mas, como tinham a cor da pele diferente, gritou que eram inferiores e aprisionou-os. E aí o mundo ficou dividido em um sexto de dominadores, dois terços de dominados (mulheres e crianças) e um sexto de dominados pelo dominadores e dominados. Para facilitar foram chamados de escravos. Mas aí, metade do um sexto (ou seja, um doze avos) dominador quis dominar a outra metade e inventou Deus.
A luta, tremenda, terminou em empate. E a Terra foi dividida em Poder Temporal e Poder Espiritual. E ambos concordaram em que tinham que inventar um slogan básico para manter todos os outros cinco sextos da humanidade na posição em que estavam. E criaram o maior e mais belo slogan de todos os tempos: "O dinheiro não é tudo!"
E como, por mais rico que o homem seja, não está garantido contra o desastre e o infortúnio, contra a doença e contra a morte, foi fácil convencer a maior parte da humanidade (gastando-se nisso, rios de dinheiro) de que "é mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus"; de que "no Juízo Final, os humildes herdarão a Terra"; de que "a riqueza não traz felicidade", et cétera.
Até o dia em que seu Milton chegou, olhou a miséria em volta, trazendo como consequência o analfabetismo, a sujeira, o ódio e a opressão, e concordou tranquilamente: "Sim , o dinheiro não é tudo. Tudo é a falta de dinheiro".
Análise das estratificações sociais. Tese defendida na faculdade de pesquisas sociais de Toronto, 1961.

Caiu Na Rede - Nada mais adequado - para esta época pré-momesca - que uma salada mista de todas as características desta brasilidade surpreendente. O axé católico de Jaque, intitulado Póparácompó aê.

É A Ignoranssa Qui Astravanca U Porgréssio - A cidadania estratificada
Isso vem desde os 1500, e creio que por aí que tudo começa... tudo graças ao método lusitano de colonização descuidada e de governo à distância, passando pelas relações de trocas de favores entre nobres e comerciantes no período em que a família real abrigou-se no Brasil Império, desaguando nas confusas relações políticas de nossa vida Republicana e, assim também, ao longo das ditaduras do século 20.
Podemos sim, considerar que somos um povo meio "largadão", pois há um emaranhado cultural, ou melhor sócio-político em que pululam milhares de regras e contra-regras, de leis que pegam e outras que não pegam, taxas, tributações, impostos em profusão que confundem e impedem, mais que auxiliam, um processo de gestão e evolução do imenso Brasil varonil, salve, salve.
É claro, pelo ofertado pela estrutura dominante - seja referente a formação, informação ou ao entretenimento - que o objetivo é a manutenção dos padrões... a TV aberta taí para justificar esta minha afirmação, onde vira-e-mexe aparece um boçal para comprovar o achego às benesses sociais através de uma postura ideológica contraditória.
Por exemplo: na defesa de uma jovem ignorante - que pixou “abaixa a ditadura” no interior da Bienal de São Paulo - uma certa atriz-escritora conseguiu demonstrar, ao vivo e em rede nacional, a quantas anda a capacidade do brasileiro de conviver com a sua realidade ambígua. Nossa atriz-escritora afirmou que a jovem não merece nenhum tipo de punição. Lembro que a jovem em questão possui quatro flagrantes anteriores por destruir patrimônio alheio e a pouco foi detida com uma acusação de furto ou coisa que o valha.
As pequenas violências do dia-a-dia sempre encontram uma explicaçãozinha pseudo-sociológica do tipo: Ela é jovem... então pode. E assim, nessa área cinzenta de tolerância às pequenas contravenções, florescem os crimes maiores, aqueles que não somos capazes de combater não por tolerância, mas por incompetência.
Sim, podemos ser verdadeiramente intolerantes, veja que contradição: Da própria atriz-escritora referindo-se pouco depois ao ex-namorado de uma outra atriz sexagenária, morto por overdose: “Cheirar cocaína das duas as oito? Tem mais é que morrer mesmo. É ótimo que essa história tenha acabado assim.”
Mais um exemplo? Pois bem, toda vez que alguém toca no assunto meia-entrada para estudantes em teatros, cinemas, museus, mostras, circos, campos de futebol, hipódromos… ou fala em vale-refeição, vale-transporte, vale-combustível, vale-lanche, vale-cesta básica, vale-trepada… ou ainda, comentam sobre passe de ônibus, de trens, de metrô, de balsa, de moto… e até em liberação de catraca para maiores de 60 anos e cotas para vagas em institutos de ensino, para bolsas de estudo, em concursos públicos… em restrições e compensações fundiárias para grupos humanos específicos de brasileiros… eu - com perdão da má linguagem - fico PUTO!
Não tem nada a ver com o coitado que não conseguiu uma posição social mais elevada e vende todo seu vale-qualquer-coisa pro cara da esquina com deságio de 16% pra complementar a parca renda familiar. Não é com os nossos idosos aposentados que precisam se locomover em latas motorizadas lotadas, para depois serem humilhados por horas a fio em filas de INSSs ou Postos de Saúde imundos que eu fico indignado.
Não é com os jovens que se enfadam em escolas de paredes mofadas e sem o mínimo aparelhamento humano e pedagógico, com estrutura famíliar pra lá de alquebrada e por isso, preferem o aprendizado do sonho, a almejar a fama, ou o enriquecimento rápido, saindo no meio do curso sem saber nada de nada, empurrados para um sub-mercado de sub-trabalho de um sub-futuro.
Também não é com os professores, com suas duplas, triplas jornadas - na maioria das vezes com uma formação bem aquém do desejado - e totalmente dependentes de miseráveis vencimentos públicos que me emputeço.
É neste monstro disforme, neste vírus sócio-político que sobrevive se alimentando de benesses e excretando paternalismos em qualquer ação de poder, que reside a minha angústia, onde recai toda minha frustração e onde deposito minha total e profunda indignação.
Em uma ponta o povo - seja ele de baixa, média ou alta renda - exige, qualquer que seja o governo, que este resolva seus problemas, e recebe de braços abertos - e de bico fechado - esta excrescência subsidiária, em forma de vales ou cotas, preferências ou lincenciosidades, jeitinhos e maozinhas.
Na outra ponta temos o demagogo profissional, vulgarmente conhecido como vossa-excelência, ou doutor, ou nobre deputado, perfeitamente cônscio de seu papel de fomentador do beneplácito, e firme na crença de ser de suma importância política e social a criação de subsídios financeiros e/ou sociais à guisa de “estar distribuindo renda” ou de “justificar uma reparação histórica".
Não deve - jamais! - haver, em uma sociedade minimamente organizada, espaço para esmolas públicas ou privadas, sejam elas de matiz pecuniário, moral ou socia

Campanha cidadã Congresso 2010: Não deixe seu representante esquecê-lo, envie idéias, sugestões, palpites... enfim, encha o saco dele! Email nele!
ATÉ AS PRÓXIMAS ELEIÇÕES, ENCHA O SACO DE SEU REPRESENTANTE!

Jazz Em Paz - Revolution (Nina Simone)
And now we got a revolution
Cause i see the face of things to come
Yeah, your Constitution
Well, my friend, its gonna have to bend
Im here to tell you about destruction
Of all the evil that will have to end.
Some folks are gonna get the notion
I know they´ll say I´m preachin´ hate
but if i have to swim the ocean
well i would just to communicate
its not as simple as talkin jive
the daily struggle just to stay alive
Singing about a revolution
because were talkin about a change
its more than just evolution
well you know you got to clean your brain
the only way that we can stand in fact
is when you get your foot off our back

Música bônus do Impressões: These foolish things - Billie Holiday (Harry Link, Holt Marvell e Jack Strachey)
A cigarette that bears a lipstick's traces
An airline ticket to romantic places
And still my heart has wings
These foolish things remind me of you
A tinkling piano in the next apartment
Those stumblin' words that told you what my heart meant
A fairground's painted swings
These foolish things remind me of you
You came, you saw, you conquered me
When you did that to me
I knew somehow this had to be
The winds of March that make my heart a dancer
A telephone that rings but who's to answer?
Oh, how the ghost of you clings
These foolish things remind me of you
How strange, how sweet, to find you still
These things are dear to me
They seem to bring you so near to me
The scent of smouldering leaves the wail of steamers
Two lovers on the street who walk like dreamers
Oh how the ghost of you clings
These foolish things
Remind me of you

BackGround - Neste Impressões apenas Bill Evans Trio, interpretando: Come Rain Or Come Shine; Autumn Leaves; Witchcraft; When I Fall In Love.

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